O batuco, uma “expressão
musical profunda da cabo-verdianidade” devia ser puxado para Patrimônio
Imaterial da Humanidade, diz o músico, cantor, compositor e poeta, Romeu di
Lurdis, um jovem de Santiago, de sorriso luminoso, que gostaria de ser Ministro
da Cultura, para cumprir o seu ideal de ”apoiar e conviver com os artistas.
Nascido a 3 de Setembro de
1989, no Bairro de Ponta d´Água na Praia, Cabo Verde. Os pais são de uma comunidade chamada Santa
Cruz. É cantor, compositor, poeta, ativista social e recém-licenciado em Gestão
do Patrimônio Cultura na Universidade Cabo Verde.
Romântico assumido, Romeu di
Lurdes é a nova promessa da música tradicional cabo-verdiana, um jovem dos sete
ofícios que, entre os estudos, a música e o ativismo social, encontra tempo
para sonhar com um futuro como ministro.
Natural de Santa Cruz de Santiago, Romeu está
em mais uma passagem por Portugal, pois a sua opção foi viver em Cabo Verde. No
ano que viveu em Lisboa com a mãe, depois do 12º ano na atual escola secundária
Abílio Duarte, a sua experiência acentuou “mais ainda a minha cabo-verdianidade
e o meu apreço pelas tradições culturais de Cabo Verde”.
As suas músicas que podemos
ouvir no You tube, falam de amor, “mas também do povo, da mulher cabo-verdiana,
das raízes de vida do meu país”, nota o músico referindo aspectos do quotidiano
das comunidades de origem do seu pai, José Lopes, de Ribeira Seca (perto de
Pedra Badejo) e da mãe, Lurdes Tavares, de Porto Madeira.
As letras, da sua autoria,
deram corpo a músicas como “Amargura”, “Lua”, “Nha Terra” ou “Mudjer” que
compôs em honra da mulher cabo-verdiana e a cantou no dia alusivo na Associação
Cabo-verdiana de Lisboa. Na mesma essência “melancólica” e romântica que o caracteriza,
diz, Romeu compõe poesia e já tem dois livros que aguardam uma oportunidade
para serem editados. Só que precisa de ajuda.
Tendo sido um dos talentos
descobertos na segunda edição da “Talentu Strela” (2º lugar) do programa da
Televisão de Cabo Verde - e por causa disso teve a oportunidade de atuar em
vários palcos do seu país arquipélago e em vários países da Europa e no Brasil
(juventude CPLP) – Romeu quer ir mais longe, aprofundar as suas potencialidades
e internacionalizar-se.
Mas consciente das
dificuldades do mundo artístico onde também há “influências da política” nos
apoios às ilhas –"fui ao Maio e vi que o seu desenvolvimento em comparação
com a Boa Vista era um problema político"-
Neste percurso “gostava de
recolher as tradições orais e para isso percorrer o interior, conviver com as
pessoas e recolher as suas histórias, as suas memórias, os seus costumes”. No
entanto, adverte que para tal objetivo será necessário criar condições
financeiras para deslocações e também para deixar alguma coisa nas famílias.
"Além de ser bonito,
gentil, levar-lhes alguma coisa para partilhar com elas. Também não posso
sobrecarregá-las! É preciso favorecer um clima amigo, para que as pessoas se
soltem”, observa, recordando que talvez devido a estas fragilidades, tenha
havido uma iniciativa do gênero que se revelou sem sucesso.
Sentiu-se triste quando, em
atuações, percorreu outras ilhas: “Os jovens da minha idade todos querem sair
para a capital, e eu não lhes posso dar nada.” e diz que quer criar na sua
Santa Cruz de Santiago uma escola de música.
Até lá, Romeu tem o seu grupo
musical de que é fundador e onde toca guitarra, harmônica e canta, ao ritmo de
“funaná manso” e “balada”: “Ramantxados” é o seu nome e remete-nos para um
misto de “resistentes”, “lutadores”, “inconformados”, pois só nesse espírito
Romeu pode sonhar longe.
Romeu considera ser
"desgastante" conciliar os estudos, com a música e o ativismo social,
não faltando momentos em que pensa em desistir, mas entende que "com amor,
fé e dedicação tudo é mais suave e mais eficiente"."Conciliando essas
coisas, sempre há dificuldades, há alturas que são mais exigentes, mas quando
damos mais de nós recebemos mais para nós", concluiu.
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